sexta-feira, 24 de agosto de 2007

CONSTRUÇÃO

Alunas e alunos do primeiro ano: segue a letra (correta) de Construção. Na letra que eu distribuí durante a aula, houve algumas gralhas, pois na hora de copiar o texto, fui desatento. Estava faltando um verso na segunda estrofe, e também escrevei "silêncio" ao invés de "cimento", no oitavo verso da primeira estrofe.
Esta música foi lançada por Chico Buarque no ano de 1971, faz parte do álbum homônimo, que é sem dúvida um dos mais marcantes da carreira do compositor. É óbvio que eu aconselho a todos que procurem conhecer melhor a vida e a obra de Chico Buarque, pois, como costuma-se dizer por aí, ele é um dos chamados "patrimônios nacionais", um dos maiores gênios de nossa música e nossa poesia.
Acessem a página oficial: http://www.chicobuarque.uol.com.br/.



CONSTRUÇÃO (Chico Buarque de Hollanda)

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

1971 © by Cara Nova Editora Musical Ltda. Av. Rebouças, 1700 CEP 057402-200 - São Paulo - SPTodos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil
Capa do LP "Construção", lançado em 1971.