quarta-feira, 8 de agosto de 2007

MATARAM MEU CACHORRO

Hoje, cheguei em casa de minha mãe e todo mundo estava triste. Disseram-me que meu cachorro pinscher, Billie, com 13 anos de idade, havia sido envenenado.

O que isso tem a ver com nossas aulas de pedagogia? Talvez nada, mas talvez muita coisa. Pra começar, estamos sempre falando em educação, mas nem sempre refletimos que a educação que tanto apregoamos passa necessariamente pela melhoria das relações entre as pessoas.

Basicamente: não interfira na vida de ninguém, respeite ao próximo e mesmo que aquilo que outra pessoa faça - seja em termos sexuais, pessoais, intelectuais, políticos, sociais, artísiticos et coetera - possa não ser algo edificante para você, admita que ninguém tem o direito de direcionar o comportamento do outro a partir dos padrões que assume como próprios. Isso é uma grande lição para nós, educadores, que confundimos muitas vezes nosso papel, Afinal, somos orientadores ou doutrinadores da psiquê e da persona alheia?

Não podemos ser doutrinadores! Cada um de nós, sujeitos individuais que habitam o planeta Terra neste começo de século, em meio a tantas contradições e tanta ausência de sentido e tanta falta de ética e tantas guerras e tanto sofrimento e tanta falta de comunicação, mas ao mesmo tempo com um fio de esperança de que tudo se torne melhor o mais breve possível, cada um de nós tem o direito de ser o que é. Aquilo que venho lhes falando em sala: não podemos impor, mesmo porque quando nos impõem qualquer coisa que seja, nos sentimos ultrajados em nossa individualidade. É claro que existem normas de convivência, e que isso tudo que estou lhes dizendo implica no "semancol" que temos que ter para não invadir a subjetividade alheia.

Pois foi exatamente o contrário disso que o canalha que deu veneno pro meu cachorro fez. Simplesmente agiu de forma cínica, abolindo todas as regras mínimas de convivência, e atingiu a um ser inocente, com a fúria que provavelmente deveria ser dirigida ao dono do cachorro. É muito mais difícil e complicado envenenar uma pessoa, afinal...

Eu tenho pena, mas isso tudo me faz refletir que temos o dever de acreditar e propagar os ideais humanos, de solidariedade, fraternidade, convivência pacífica, mesmo diante de tantas diferenças e tanta diversidade que marcam nossa vida. Qual o problema em ser "diferente"? Creio que é dessa forma temos que agir na escola, com nossos alunos, começando por nós mesmos a ter uma postura mais tolerante em relação ao outro - o que não quer dizer uma postura banana ou passiva, que fique bem claro, mas uma postura de respeito, a si mesmo, em primeiro lugar.

Bem, minhas queridas alunas e alunos. Tomara que vocês leiam esse blog e que isso sirva para que nós possamos, de alguma forma, ao menos vislumbrar uma postura diferenciada de nossa atuação na escola, enquanto educadores críticos, que crêem em ideais nobres, mesmo diante de tanta barbárie.

Dedico esse post ao meu cão, William Fitzgerald II, chamado por nós de Billie, que me amou incondicionalmente entre 1994 e 2007, e teve um triste fim.

Abraços a todos.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Sr. André Luiz, mataram o meu cachorro da mesma forma e acredito que com a mesma intenção. Hoje são 20/03/09, já faz algum tempo que isso lhe ocorreu, mas ao procurar algum consolo, encontrei as suas palavras e fiquei muito feliz em descobrir "mas uma pessoa neste planeta Terra" que preza os valores que esta "humanidade" tanto precisa readquirir, porque neste momento me parece que todos são vermes, porque não sei a quem culpar por tanta dor. Me desculpe pelo desabafo, mas saber que ainda existe EDUCADORES que tem algo a ensinar já me traz alguma esperança de que algo ainda pode mudar.

Sandra Moura